CULTURA DE MASSA: DEMOCRATIZAÇÃO DO CONHECIMENTO
Você já pensou como deve ter sido o dia-a-dia dos homens, há quatro mil anos? Faça um esforço de imaginação. Não existia o computador, o fax, o televisor, o telefone, o rádio, os livros (como eles são hoje). Mesmo sem toda essa tecnologia, o homem conseguia se comunicar e produzir arte e cultura. Veja o exemplo dos nossos indígenas.
Então, precisamos entender qual a importância dessa tecnologia da comunicação em nossas vidas e as mudanças ocorridas.
Desde a invenção da imprensa por Johanne Gutenberg em 1440, e com sua expansão a partir de 1450, os livros deixaram de ser escritos à mão, para serem produzidos com maior rapidez e em maior quantidade, facilitando o processo de disseminação cultural.
A invenção de Gutenberg possibilitou que reproduzisse e se expandisse a comunicação e a informação. Esse fato deu nova fisionomia à ordem social e todas as relações humanas passaram por inúmeras modificações caracterizadas, atualmente, por formas de interação cada vez mais mediatizadas pelos meios de comunicação de massa.
Este é um fenômeno social e cultural da modernidade. A cada dia, novos padrões culturais são acrescidos às formas cotidianas de leitura do mundo e da vida. O avanço tecnológico criou aparelhos que permitem que as informações cheguem de um canto a outro do mundo em um piscar de olhos. Estudos analisam a influência que o televisor, o jornal, o rádio e a mídia em geral exercem na vida das pessoas, nos comportamentos e nos modos de agir e pensar.
Uma das características básicas da comunicação de massa é que se destina a grupos de pessoas com profissões diferentes, classes sociais diversas, vínculos culturais variados, mas que, no entanto, participam conjuntamente, da experiência de comunicação por meio de um veículo específico.
Para que essas pessoas tenham tais experiências, elas podem estar juntas ou distantes, em qualquer lugar do Brasil, ou mesmo em qualquer lugar do mundo. A possibilidade de alcançar diferentes pessoas em distantes lugares é uma das características principais dessa forma de comunicação.
Assim, os meios de radiodifusão (TV e rádio) e a imprensa escrita (jornais e revistas), são considerados meios de comunicação de massa, pois são capazes de transmitir, ao mesmo tempo, mensagens para grupos diversificados de pessoas. Também são considerados como tal, embora com menor grau de influência, o cinema, os livros e a chamada indústria fonográfica.
Esses meios de difusão foram vistos como algo menor e sem valor cultural, em várias fases de sua história. O termo cultura de massa foi e é, ainda, utilizado para identificar de forma pejorativa a cultura criada no processo de comunicação de massa. Nos dias atuais, grande parte da cultura da humanidade é produzida por esses canais, que sempre supõem os três elementos: o emissor, o veículo e o receptor. O processo de comunicação de cada sociedade varia de acordo com suas características econômicas, sociais, históricas e culturais, mas a globalização tende a uniformizar também isto.
Atividades:
1) Você e seu grupo deverão fazer o acompanhamento da emissão de uma notícia/manchete, em diferentes meios de comunicação. Comprem diferentes jornais e revistas do mesmo dia ou semana e analisem como uma mesma notícia é enfocada em diferentes veículos de comunicação, incluindo rádio, TV e internet (se possível). Analise o grau de distorção da notícia em cada um deles, a ênfase, os detalhes enfocados e desprezados em cada um. Apresente as conclusões para toda a classe.
2) Faça uma pesquisa com as pessoas de sua casa ou vizinhos e pergunte:
Você segue a moda? (pode ser relativo a qualquer assunto)
Assiste à televisão? A quais programas?
Ouve rádio? Quais emissoras?
Lê jornais? Quais?
Lê revistas? Quais?
Quanto tempo dedica, diariamente, a esses meios de comunicação?
Os questionários devem ser organizados em sala de aula, para que todos perguntem as mesmas coisas e da mesma forma. Outras questões relativas ao tema podem ser incluídas.
Realizada a pesquisa, compare as respostas obtidas e monte, com o professor, um quadro com todas as respostas, verificando quais se repetem com maior frequência. É importante, nesse exercício, refletir e discutir por que alguns meios de comunicação aparecem mais do que outros, a relação com a qualidade da programação e quanto tempo as pessoas gastam com eles.
3) Pesquise a história (surgimento, evolução, personalidades envolvidas, etc.) de cada meio de comunicação de massa: televisão, rádio, revista e jornal.
4) Leia um trecho de uma entrevista que Teixeira Coelho (diretor do MAC-USP e estudioso da cultura) concedeu à Revista E do SESC, em setembro de 1998:
SESC: Não há um paradoxo no seu discurso, quando o senhor diz que o conteúdo daquilo que une as pessoas, ou seja, a cultura, não é importante?
T. Coelho: Na verdade eu disse que há coisas acima dele. É claro que o conteúdo é importante. Existem práticas culturais, assim chamadas equivocadamente, que promovem a desagregação das esferas sociais. Sem a menor dúvida, pode-se dizer que isso não é cultura. Por exemplo, a dança da garrafa não é cultura. Não há nenhum esquema de raciocínio sociológico ou filosófico no mundo que consiga demonstrar que a dança da garrafa é cultura. Pode ser cultura no sentido antropológico segundo o qual tudo o que é produzido é cultura, mas contemporaneamente essa definição é inaceitável: quando tudo é cultura, nada é cultura. Dessa forma, é preciso estabelecer valores. A dança da garrafa não contribui para a congregação, pois não se propõe fazer uma religação do homem com o mundo. Ela só vai levar à exploração de uma pessoa por outra ou de uma faixa etária por outra. Cultura civiliza. Cultura é luz e suavidade, como disse Matthew Arnold. Cultura leva a pessoa numa viagem para dentro de si mesma e do mundo, não para o interior de um sistema de exploração. Uma boa definição de cultura: conjunto dos atos que permite a alguém criar seus próprios fins a partir de uma conversa ampla com os outros. Quando se assiste a um programa que mostra crianças dançando sobre uma garrafa, está-se diante de um fato que impede a pessoa de criar seus próprios fins. Costumo dizer que a civilização é uma longa conversa na qual são fixadas metas e valores. Em grande parte das atividades ditas culturais, mas que desintegram os liames, não ocorre uma conversa. Há, na verdade, uma interpelação externa indiscutível: um pacote pronto que não admite críticas. Uma política cultural tem de favorecer a discussão conjunta.
Responda:
Você concorda com Teixeira Coelho? Por quê?
O que os meios de comunicação de massa têm a ver com a “dança da garrafa?”
5) Em grupos, os alunos deverão entrevistar um turista ou visitante de outra cidade, para saber o que essa pessoa pensa a respeito da cidade, qual é a imagem que ela tem da cidade e o porquê da visita.
Fonte: CAMINHOS DO FUTURO

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