A partir do espaço, é possível visualizar o imenso “cemitério” de roupas usadas no Atacama, Chile. Na porção inferior da imagem, é perceptível a presença da cidade de Iquique. Fonte: SkyFi.


O Atacama já possui um "cemitério" de roupas usadas que é tão grande que pode ser observado do espaço.

Anualmente, o deserto do Atacama, no Chile, recebe o descarte de milhares de toneladas de roupas usadas provenientes da Europa, Ásia e América do Norte. O tamanho do "lixão" é tão imenso que sua dimensão já é visível do espaço.

No deserto chileno do Atacama, encontra-se uma área popularmente chamada de "cemitério" de roupas. Esse local serve como destino para o descarte de roupas usadas provenientes da Europa, Ásia e América do Norte. A dimensão desse "lixão" é tão colossal que já é visível a partir do espaço.

Localizada em Alto Hospicio, na cidade de Iquique, no norte do Chile, a região de descarte já acumulou aproximadamente 59 mil toneladas de peças, conforme relatado pela revista Dazed. Apenas 15% das roupas descartadas são efetivamente utilizadas, enquanto os restantes 85% nunca foram vestidos de fato.

A empresa de monitoramento via satélite SkyFi registrou o problema por meio de imagens de satélite de alta resolução, revelando a verdadeira magnitude do desafio. A pilha colossal e a poluição resultante são claramente visíveis do espaço, destacando a urgência de transformação na indústria da moda. A empresa enfatizou em seu blog a importância de tornar os dados de observação da Terra acessíveis e transparentes para identificar e resolver questões como essa.

No contexto da sustentabilidade global, essa notícia é alarmante, considerando-se a quantidade de resíduos gerados pelo aterro no Atacama. A ONU classificou o local como uma "emergência ambiental e social" para o planeta. A imensa pilha de detritos cria uma paisagem peculiar no deserto, agravando ainda mais a crescente poluição causada pela indústria da moda.

De acordo com a revista Daze, uma das razões pelas quais Iquique enfrenta esse problema é o fato de ser uma zona franca no Chile, onde não há cobrança de tarifas, impostos ou taxas alfandegárias. Isso leva os importadores a optarem por descartar as roupas ali mesmo, em vez de suportar os gastos de enviá-las para fora da região.

Apesar da crescente popularidade do comércio de produtos usados e das lojas de brechós, os itens que não conseguem ser vendidos acabam em depósitos de lixo como este, resultando na liberação de poluentes prejudiciais no ar e nos canais de água subterrâneos. A rápida rotatividade de lançamentos de marcas e o consumo e descarte excessivos desempenham um papel essencial nesse acúmulo de resíduos.

Uma medida para reduzir a quantidade de roupas descartadas seria incentivar ainda mais a sua reutilização. Ao adquirirmos peças em brechós, por exemplo, estamos prolongando a vida útil dessas roupas que poderiam ser jogadas no lixo, evitando assim a exposição ambiental a materiais de decomposição difícil. Além disso, é importante considerar a produção de roupas utilizando materiais biodegradáveis, de modo a minimizar os impactos ambientais durante o descarte.