BIOMAS BRASILEIROS
O conceito de bioma, de
acordo com o IBGE, refere-se a “um conjunto de vida vegetal e animal,
constituído pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos e que podem ser
identificados a nível regional, com condições de geologia e clima semelhantes e
que, historicamente, sofreram os mesmos processos de formação da paisagem,
resultando em uma diversidade de flora e fauna própria.” A origem desse termo
remonta ao grego, onde "Bio" significa vida e "Oma"
representa grupo ou massa. Algumas fontes creditam a introdução desse conceito
a Shelford, enquanto outras atribuem sua criação a Clements.
O planeta abriga uma
variedade de biomas, cada um com suas próprias espécies distintas, às vezes até
mesmo exclusivas. Essas áreas naturais não apenas representam a diversidade de
vida em uma região, mas também desempenham um papel fundamental no fornecimento
de recursos essenciais para as comunidades locais. Portanto, é imperativo que
esses biomas sejam conservados e gerenciados de forma sustentável.
É evidente que as grandes
cidades estão se expandindo de forma desordenada, o desmatamento está em
ascensão, propriedades agrícolas e rurais estão avançando sobre áreas selvagens
e os recursos naturais dos biomas estão sendo explorados de maneira indiscriminada.
Embora o progresso seja uma necessidade, é crucial encontrar abordagens que
garantam sua sustentabilidade. Para promover a preservação, alguns locais são
legalmente protegidos e constituem as chamadas Unidades de Conservação.
No Brasil, existem seis
distintos biomas: a Amazônia, a Mata Atlântica, o Cerrado, a Caatinga, o Pampa
e o Pantanal. Esses biomas não são apenas recursos naturais valiosos em nosso
país, mas também destacam-se como ambientes de riqueza natural significativa em
escala global.
Amazônia
O Bioma Amazônico abrange
uma vasta extensão de 4.196.943 Km², o que representa mais de 40% do território
do Brasil. Este bioma é predominantemente caracterizado por uma densa floresta
tropical e se estende pelos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará e Roraima,
além de abranger partes dos estados do Maranhão, Mato Grosso, Rondônia e
Tocantins.
A Amazônia abriga uma
variedade de ecossistemas distintos, incluindo florestas densas de terra firme,
florestas estacionais, florestas de igapós, terras alagadas, várzeas, savanas e
refúgios montanhosos. Apesar de ser o bioma mais bem conservado em nosso país,
aproximadamente 16% de sua extensão já sofreu degradação, o que representa mais
do que o dobro da área do estado de São Paulo.
O bioma enfrenta uma série
de desafios ambientais, incluindo o desmatamento, incêndios florestais,
exploração de mineração, atividades agropecuárias e a prática de
biopirataria. A combinação dessas ações prejudiciais tem um impacto
significativo nas mudanças climáticas globais, contribuindo para o aquecimento
global. A Amazônia é considerada um importante regulador do clima global,
atuando como um grande "ar-condicionado" da atmosfera e abrigando a
maior biodiversidade do mundo.
As matas de terra firme
são aquelas que estão em regiões mais altas e por este motivo não são inundadas
pelos rios. Nelas estão árvores de grande porte, como a castanheira-do-pará e a
palmeira.
As matas de várzea enfrentam inundações em determinadas épocas do ano. Nas áreas mais elevadas dessas matas, o período de inundação é breve, e a vegetação assemelha-se à das florestas de terra firme. Em contraste, nas regiões planas que permanecem alagadas por períodos mais prolongados, a flora é semelhante à das matas de igapó.
As matas de igapó estão
localizadas em terrenos mais baixos e, portanto, permanecem quase sempre
inundadas. Nessas áreas, a vegetação é de estatura reduzida, composta por
arbustos, cipós e musgos, exemplificando algumas das plantas típicas
encontradas nessas regiões. É nas florestas de igapó que se encontra a
vitória-régia, um dos ícones da Amazônia.
Mata Atlântica
Esse bioma originalmente
ocupava uma extensão de 1.110.182 Km², o que representava 15% do território
nacional. No entanto, atualmente, apenas 12,5% da floresta original subsiste.
A Mata Atlântica é
predominantemente composta por matas que se estendem ao longo da costa
litorânea, abrangendo desde o Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul. Além
disso, ela perpassa os territórios dos estados do Espírito Santo, Rio de
Janeiro e Santa Catarina, bem como partes dos estados de Alagoas, Bahia, Goiás,
Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do
Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e Sergipe.
A Mata Atlântica apresenta uma grande diversidade de formações e abriga um variado conjunto de ecossistemas florestais, cada um com sua própria estrutura e composição de espécies, adaptando-se às características climáticas da região onde se encontra.
A biodiversidade da Mata
Atlântica é comparável à da Amazônia. Entre os animais mais emblemáticos desse
bioma estão o Mico-Leão-Dourado, a onça-pintada, o bicho-preguiça e a capivara.
Pouco tempo após o período
de descobrimento, uma parcela significativa da vegetação da Mata Atlântica foi
devastada devido à exploração descontrolada e intensiva da floresta. O
pau-brasil foi o principal alvo de extração e exportação pelos exploradores que
colonizaram a região, e atualmente, está à beira da extinção. O primeiro acordo
comercial para a exploração do pau-brasil foi estabelecido em 1502, o que
resultou na associação do nome do Brasil a essa madeira avermelhada, conhecida
por sua tonalidade semelhante às brasas. Outras espécies de madeira de alto
valor também foram exploradas até sua completa extinção, como a tapinhoã,
sucupira, canela, canjarana, jacarandá, araribá, pequi, jenipaparana, peroba,
urucurana e vinhático.
Após o desmatamento,
surgiram plantações de cana-de-açúcar mais ao sul. Na região sudeste, a cultura
do café desempenhou um papel central na devastação em larga escala da vegetação
nativa. Na região sul, a exploração predatória da Mata Atlântica teve um
impacto devastador no ecossistema da Floresta das Araucárias, devido ao valor
comercial da madeira de pinho obtida da Pinheiro-do-paraná.
Os ecossistemas que
compõem o bioma da Mata Atlântica foram categorizados pelo CONAMA (Conselho
Nacional do Meio Ambiente) em 1992 e incluem a floresta ombrófila densa,
Floresta Ombrófila Aberta, Floresta Ombrófila Mista, Floresta Estacional
Decidual, Floresta Estacional Semidecidual, Manguezais e Restingas.
Cerrado
O Bioma Cerrado é o
segundo maior da América do Sul, ocupando uma extensão de 2.036.448 Km², correspondente a mais de 22% do território. É
predominantemente caracterizado por savanas. Este bioma engloba os estados de
Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia,
Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo e Distrito Federal, além de
pequenas áreas isoladas nos estados do Amapá, Roraima e Amazonas.
No Cerrado, estão
localizadas três das maiores bacias hidrográficas da América do Sul, incluindo
as do Tocantins-Araguaia, São Francisco e Prata, o que, em certo sentido,
contribui para sua rica biodiversidade.
A paisagem do bioma
Cerrado é principalmente caracterizada por vastas áreas de savanas,
intercaladas por matas ciliares que seguem as margens dos rios, nas áreas mais
baixas.
As árvores que povoam esse
bioma apresentam características peculiares, com troncos retorcidos e uma casca
espessa, enquanto suas folhas tendem a ser grandes e rígidas. Muitas plantas
herbáceas do Cerrado desenvolvem órgãos subterrâneos para armazenar água e
nutrientes.
Os problemas mais comuns
enfrentados no Cerrado estão frequentemente relacionados ao fogo, que pode
ocorrer inicialmente como incêndios naturais e, posteriormente, ser provocado
pela ação humana.
No ecossistema do Cerrado,
foram catalogadas até o momento mais de 1.500 espécies animais, o que
representa o segundo maior conjunto de fauna do mundo.
A influência humana no
Cerrado resultou em alterações significativas, levando à extinção de algumas
espécies. Entre aquelas que enfrentam o risco iminente de desaparecer,
destacam-se a anta, capivara, onça-pintada, onça-parda, preá, paca,
jaguatirica, cachorro-do-mato, calango, preguiça, teiú, cateto, gambá, lontra,
tatu-bola, tatu-canastra, tamanduá-bandeira, várias espécies de cobras
(incluindo cascavel, coral verdadeira e falsa, jararaca, cipó e jiboia), queixada
e guariba.
Caatinga
O bioma da Caatinga
abrange aproximadamente 11% do território nacional, ocupando uma área de
844.453 Km². Caracterizado por um clima semiárido,
este bioma apresenta uma vegetação adaptada às condições de seca, ao mesmo
tempo em que mantém uma rica biodiversidade. A Caatinga se estende por todo o
estado do Ceará e se espalha por partes dos estados de Alagoas, Bahia,
Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e
Sergipe.
As características
proeminentes da vegetação na Caatinga compreendem solos rasos e pedregosos,
árvores de pequeno porte com troncos sinuosos e espinhos, além de folhas que
caem durante os períodos de seca (exceto por algumas espécies, como o
juazeiro). Entre as notáveis espécies que se destacam neste bioma, estão as
bromélias, o xique-xique, o mandacaru, a embiratanha, a acácia, o juazeiro, a
macambira, a maniçoba, o umbu e a mimosa.
A fauna da Caatinga exibe
uma notável diversidade, composta por 40 espécies de lagartos, 7 espécies de
anfisbenídeos (lagartos sem patas), 45 espécies de serpentes, 4 espécies de
quelônios, 1 espécie de Crocodylia, 44 anfíbios anuros e 1 espécie de
Gymnophiona.
Dentre os animais
emblemáticos desse bioma, destacam-se a ararinha-azul, o sapo-cururu, a
onça-parda, o macaco-prego, a asa-branca, a cotia, o tatu-bola, o
sagui-do-nordeste, o preá, o tatu-peba, o veado-catingueiro, o
sagui-do-nordeste, o guigó-da-caatinga e o jacaré-de-papo-amarelo.
Os ecossistemas da
Caatinga estão significativamente transformados devido à substituição das
espécies vegetais nativas por cultivos agrícolas e pastagens. O desmatamento e
as queimadas continuam sendo práticas frequentes na preparação da terra para a
agricultura e pecuária, resultando na degradação da cobertura vegetal.
Segundo dados do IBGE,
aproximadamente 27 milhões de pessoas atualmente residem na região do polígono
das secas. Nessa área, a exploração econômica foi impulsionada pela extração de
madeira, monocultura de cana-de-açúcar e criação de gado em grandes
propriedades (latifúndios). Na região da Caatinga, ainda é praticada a
agricultura de sequeiro, uma técnica adaptada ao cultivo em terras extremamente
áridas.
Órgãos ambientais do
governo federal estimam que mais de 46% da extensão da Caatinga já foi
desmatada, colocando esse bioma em sério risco de extinção. É crucial destacar
que muitas espécies são endêmicas desse ecossistema, o que significa que são
exclusivas dessa região e não ocorrem em nenhum outro lugar.
Pampa
Conhecido também como
Campos do Sul ou Campos Sulinos, o Bioma Pampa abrange uma área de 176,5 mil Km²,
o que corresponde a aproximadamente 2% do território nacional. Sua paisagem é
predominantemente composta por vegetação campestre, caracterizada por
gramíneas, herbáceas e algumas árvores.
No Brasil, o Bioma Pampa está limitado ao estado do Rio Grande do Sul, ocupando cerca de 63% do território gaúcho, além de abranger partes dos territórios da Argentina e Uruguai. Os Campos da Região Sul do Brasil são conhecidos como "pampa," termo de origem indígena que significa "região plana."
Em termos gerais, o solo
dessa região possui naturalmente baixa fertilidade e é altamente suscetível à
erosão. À primeira vista, a paisagem da vegetação pampa campestre pode parecer
uniforme, com um tapete herbáceo de altura variando de 60 cm a 1 m nos terrenos
mais planos. No entanto, esse tapete é ralo e composto por poucas espécies. À
medida que nos deslocamos em direção às encostas, a vegetação se torna mais
densa e diversificada, com predomínio de gramíneas, plantas compostas e
leguminosas. Alguns dos gêneros mais comuns incluem Stipa, Piptochaetium,
Aristida, Melica e Briza. Além disso, sete gêneros de cactos e bromeliáceas
abrigam espécies que são exclusivas dessa região.
A mata aluvial abriga
várias espécies de árvores de interesse comercial. Dentro da Área de Proteção
Ambiental do Rio Ibirapuitã, que está localizada nesse bioma pampa,
encontram-se formações campestres e florestais com características únicas em
comparação a outras formações presentes no Brasil. Além disso, essa área é o
habitat de 11 espécies de mamíferos que estão ameaçadas de extinção ou são
consideradas raras, incluindo ratos d'água, cevídeos e lobos, além de abrigar
22 espécies de aves com a mesma condição.
Vale destacar que pelo
menos uma espécie de peixe, conhecida como cará (Gymnogeophagus sp., da Família
Cichlidae), é endêmica da bacia do rio Ibirapuitã.
O Pampa é uma área de clima temperado, com médias de temperatura em torno de 18°C. Essa paisagem é composta por colinas que abrigam pastagens para a criação de gado, bem como terras alagadas conhecidas como várzeas, caracterizadas por serem áreas baixas e úmidas. Na região sul do Brasil, a pecuária possui uma tradição que remonta aos tempos da colonização.
Pantanal
O Pantanal abrange uma
extensão de 150.355 Km², representando quase 2% do território total do Brasil,
e é predominantemente caracterizado por uma savana estépica alagada. Este bioma
está presente em apenas dois estados brasileiros, com o Mato Grosso abrangendo
7% de sua extensão e o Mato Grosso do Sul com 25%. A região é uma vasta
planície aluvial influenciada pelos rios que drenam a bacia do Alto Paraguai, e
é o lar de uma fauna e flora excepcionalmente belas e abundantes.
No Pantanal, o clima se caracteriza por temperaturas elevadas, altos índices pluviométricos e uma distinta divisão entre um verão quente e chuvoso e um inverno frio e seco. Essas condições climáticas propiciam a formação de solos que são amplamente utilizados como áreas de pastagens para o gado. A vegetação do Pantanal é diversificada e varia de acordo com a altitude, englobando gramíneas, árvores de médio porte, plantas rasteiras e arbustos.
A fauna do Pantanal é
notavelmente diversificada, com registros que incluem cerca de 263 espécies de
peixes, 41 espécies de anfíbios, 113 espécies de répteis, 463 espécies de aves
e 132 espécies de mamíferos, incluindo duas espécies endêmicas. Jacarés,
capivaras e onças são alguns dos animais mais emblemáticos encontrados na
região. Entre as espécies de jacarés mais comuns estão o jacaré-do-Pantanal, o
jacaré-comum e o jacaré-do-papo-amarelo.
Além dos jacarés, o
Pantanal abriga uma variedade de outros répteis, como sucuris, jararacas,
jiboias e o sinimbú, um tipo de lagarto. Além disso, este vasto ecossistema é o
lar de uma ampla diversidade de insetos, incluindo formigas, cupins, aranhas e
mosquitos.
A abundância de água é uma
característica marcante do bioma pantaneiro e é fundamental para sustentar uma
grande variedade de animais aquáticos. Entre os diversos tipos de peixes
encontrados na região, destacam-se o pintado, o pacu, o dourado, o piauçu e o
jaú. Os jaús, em particular, são conhecidos por serem gigantes do mundo dos
peixes, podendo atingir até um metro e meio de comprimento e pesar
impressionantes 120 quilos.
As principais atividades
econômicas do Pantanal incluem a pecuária, a pesca e o turismo. No entanto, o
bioma enfrenta sérias ameaças, como o desmatamento, o manejo inadequado das
terras para a agropecuária, a construção de hidrelétricas e o crescimento
urbano e populacional desordenado. Estas pressões representam desafios
significativos para a preservação deste ecossistema único.
IBF Instituto Brasileiro de Florestas. Pantanal. Disponível em: https://www.ibflorestas.org.br/bioma-pantanal
IBF Instituto Brasileiro de Florestas. Cerrado. Disponível em: https://www.ibflorestas.org.br/bioma-cerrado
IBF Instituto Brasileiro de Florestas. Caatinga. Disponível em:
https://www.ibflorestas.org.br/bioma-caatinga
IBF Instituto Brasileiro de Florestas. Amazônia. Disponível em:
https://www.ibflorestas.org.br/bioma-amazonico
IBF Instituto Brasileiro de Florestas. Mata Atlântica. Disponível em:
https://www.ibflorestas.org.br/bioma-mata-atlantica
IBF Instituto Brasileiro de Florestas. Pampa. Disponível em:
https://www.ibflorestas.org.br/bioma-pampa
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